Olhar-me atualmente é olhar para uma tela branca, à espera... De um milagre, de um resgate, de uma revelação, não sei. Não saber tem sido minha eterna constância. Minhas vidas, apenas um ensaio da dúvida ou um interminável elogio à loucura. Alternar os dias entre a vida que vivo e a vida que sonho e tentar misturar o sabor da guerra à antecipação da conquista. Os colares que os outros dão a mim, arranco em um impulso incontrolável e vejo suas pérolas rolarem de meu pescoço ao chão. Não os quero nem os aprecio. Não possuem a beleza que procuro em tudo que não me pertence e que poderei um dia alcançar. Poderei realmente? Ou não valerá a pena tentar? Tento enxergar com meus olhos míopes o futuro que se nega a me revelar, que me fornece apenas instantes, pedaços desconexos do tempo. E vejo cores sem forma a se misturarem umas às outras sem definição, sem conclusão. Retornar será uma opção? Aceitar mais uma vez uma imposição que não é minha razão? Ou despedaçar os perfumes que ganhei e cheirá-los uma única vez, e uma última vez? 10 horas, quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010. Tenho a data em meu calendário e o horário em meu relógio, mas não sei em que época estou nem em que página eu vou. Apenas faço o que posso e espero o que gosto. Artesã de mim. Irei como quem canta o som do vento, confiando em seus sentidos. Iludidos, incertos? Olhos abertos, tocando o significado das coisas. Esbarrando nas frágeis teias, sem pular etapas, sem esquecer os laços que firmarão meus braços e guiarão meus passos. Me ver à frente de mim. Me ver mais longe e mais perto do fim. Me ver é tudo que preciso agora, é o que me mostrará a decisão. É o que me levará à outra vida, mas me manterá prostrada, centrada, no chão. Saberei quem sou eu e me encontrarei mais uma vez num futuro próximo, espero.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
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